A dor da perda e a busca por respostas movem familiares e amigos de Bruno, um jovem que faleceu após complicações decorrentes de uma pancreatite, supostamente agravada por negligência médica no Hospital de Camaquã segundo o relato de um familiar da vítima. O caso gerou grande comoção e levanta questionamentos sobre o atendimento prestado a pacientes em situação crítica.
Uma batalha de dois anos
Bruno começou a sentir dores na região abdominal há mais de dois anos. Após exames, foi diagnosticado com cálculos biliares (pedras na vesícula). Segundo a família, médicos informaram que o problema poderia ser resolvido com uma cirurgia simples e rápida, mas a espera pelo procedimento se estendeu por meses.
No dia 22 de dezembro do ano passado, Bruno foi diagnosticado com pancreatite leve, causada pelo deslocamento de uma das pedras, que obstruiu o canal do pâncreas. Internado para tratamento, ele recebeu antibióticos intravenosos e, no dia 24, teve alta sob a orientação de buscar a cirurgia com mais urgência no ambulatório.
Sem imaginar a gravidade do caso, a família seguiu as recomendações médicas. No entanto, entre dezembro e fevereiro, Bruno passou por diversas crises de dor intensa, indo à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde era medicado e liberado sem que a cirurgia fosse realizada.
Desespero e supostos erros médicos
A situação se agravou em 20 de fevereiro, quando Bruno procurou o hospital novamente, debilitado pela dor. Segundo o relato da família, ele foi diagnosticado com inflamação crônica na vesícula e informado de que precisava da cirurgia com urgência. Contudo, não foi internado naquele momento, recebendo apenas analgésicos e a orientação de aguardar o chamado do ambulatório.
Nos dias seguintes, a dor persistiu e Bruno voltou ao hospital diversas vezes. Em 22 de fevereiro, já em um estado alarmante, ele foi novamente atendido no Pronto Socorro, onde chegou a implorar ao cirurgião para ser operado. O médico, segundo a família, teria dito que “sábado era um péssimo dia para operar” e recomendou que ele seguisse com antibióticos antes da cirurgia por vídeo.
Apenas no dia 23 de fevereiro Bruno foi internado na UTI, mas os médicos tranquilizaram a família, dizendo que sua condição não era grave e que ele estava melhorando. No entanto, o quadro piorou rapidamente, e ele precisou de hemodiálise após apresentar falência renal. Mesmo assim, a transferência para um hospital mais equipado só foi providenciada quando sua situação já era crítica.
Transferência tardia e perda irreparável
Bruno foi transferido para o Hospital Dom Vicente Scherer, em Porto Alegre, onde a gravidade de seu estado foi confirmada. Segundo os médicos da nova unidade, ele chegou ao hospital com o pâncreas completamente necrosado, resultado de uma inflamação prolongada e não tratada adequadamente.
A equipe médica do hospital em Porto Alegre foi clara: a condição de Bruno poderia ter sido evitada com uma cirurgia simples realizada meses antes. Ele lutou por dias na UTI, mas, em 1º de março, não resistiu.
Busca por justiça
Diante da perda irreparável, a família questiona a conduta dos profissionais do Hospital de Camaquã e pede justiça. Entre os principais pontos levantados estão:
Por que Bruno não foi transferido para Porto Alegre antes, quando já apresentava complicações graves?
Por que a cirurgia não foi realizada em nenhuma das diversas vezes em que ele buscou atendimento com dores intensas?
Por que médicos passaram informações contraditórias sobre sua condição, levando a família a acreditar que ele estava melhorando?
Por que ele recebeu alimentação inadequada para um paciente com pancreatite grave?
A família promete levar o caso adiante, buscando responsabilização por negligência médica. Amigos e apoiadores também se mobilizam nas redes sociais, cobrando providências das autoridades de saúde.
A morte de Bruno escancara a fragilidade do sistema de saúde e reforça a importância de um atendimento humanizado e eficiente. O que deveria ter sido um procedimento simples se transformou em uma tragédia irreparável. Agora, sua família luta para que outros pacientes não passem pelo mesmo sofrimento.