Offline
Polícia Civil desarticula grupo que agredia devedores de agiotagem no RS; 14 são presos
Operação Sísifo cumpre mais de 70 ordens judiciais em cidades da Região Metropolitana e do Litoral Norte; criminosos expunham vítimas em redes sociais e aplicavam torturas como forma de intimidação
Por Administrador
Publicado em 10/04/2025 08:53
Polícia
Foto: Ronaldo Bernardi

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou na manhã desta quinta-feira (10) a Operação Sísifo, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa que atuava na cobrança violenta de dívidas originadas por empréstimos informais com juros abusivos. Até as 7h10, 14 pessoas haviam sido presas. Ao todo, estão sendo cumpridos 18 mandados de prisão preventiva e 54 de busca e apreensão, além de ordens de sequestro de bens e bloqueio de contas bancárias.]

A operação tem alvos nas cidades de Porto Alegre, Alvorada, Gravataí, Viamão, Cachoeirinha, Canoas, Guaíba — todas na Região Metropolitana — e Tramandaí, no Litoral Norte.

Intimidação violenta e exposição pública

Segundo as investigações, o grupo utilizava métodos violentos e humilhantes para cobrar os valores devidos. As vítimas, muitas vezes, eram agredidas fisicamente e tinham suas imagens divulgadas em redes sociais e aplicativos de mensagens, acompanhadas de pedidos de informações sobre o paradeiro delas e até recompensas para quem colaborasse.

A dinâmica incluía a exigência de que os tomadores do empréstimo enviassem uma foto segurando o documento de identidade, o que era posteriormente utilizado para rastrear os devedores. Os policiais encontraram vídeos das agressões e mensagens com ameaças diretas a familiares das vítimas.

De acordo com a Polícia Civil, as agressões não apenas serviam como punição, mas também como exemplo para intimidar outros devedores e manter o controle sobre a rede de cobranças.

Lavagem de dinheiro e sequestro de bens

Além das práticas de extorsão, a principal frente da investigação foca na lavagem de dinheiro proveniente dos juros abusivos e em furtos contra instituições bancárias.

Como parte das medidas judiciais, foram determinados o sequestro de 96 veículos, a indisponibilidade de 22 imóveis e o bloqueio de 41 contas bancárias. Os bens eram utilizados para ocultar o dinheiro movimentado pelo grupo.

Facções e financiamento do crime

O delegado João Paulo de Abreu, responsável pela investigação, afirma que a prática de agiotagem está sendo usada por facções criminosas como uma forma de capitalizar e alimentar a economia paralela do crime organizado.

 

O nome da operação faz referência à figura mitológica de Sísifo, condenado a empurrar eternamente uma pedra morro acima, apenas para vê-la rolar de volta ao ponto de partida — uma metáfora para a repetição sem fim do ciclo de violência e intimidação gerado pela organização.

Comentários
Comentário enviado com sucesso!