O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (20) que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ter enfrentado desafios e cometido equívocos na condução da economia, mas garantiu que ainda há tempo para ajustes. Segundo ele, a administração econômica é "delicada" e requer atenção contínua.
“Temos que admitir que governos erram, muitas vezes. Governos erram. E, às vezes, a coisa descalibra um pouquinho. Se não for um erro grave, você consegue corrigir rapidamente”, declarou Haddad durante o programa Bom Dia, Ministro, transmitido pela EBC.
O ministro destacou que o cenário econômico global traz incertezas que estão além do controle do governo. Como exemplo, mencionou a expectativa de redução dos juros nos Estados Unidos em 2024, que não se concretizou, impactando o mercado global.
“Quando isso descarrilhou, não foi bonito o que aconteceu no Fed (Federal Reserve, o Banco Central americano) nos Estados Unidos, no final do governo Biden. Embora lá o Fed seja autônomo, independente, as coisas mudaram muito”, explicou. Ele ressaltou que a valorização do dólar gerou preocupação em diversos países.
Haddad argumentou que fatores externos e imprevistos climáticos podem gerar a impressão de que a economia está no caminho errado, mas insistiu que o Brasil tem condições de crescer sem medidas recessivas.
“Não precisa fazer um ajuste recessivo para colocar ordem nas contas. É possível realizar um ajuste gradual sem comprometer a expansão do emprego e da renda”, defendeu. Ele também criticou políticas anteriores que apostaram no crescimento baixo para equilibrar as contas públicas, avaliando que essa estratégia foi um equívoco.
Repercussão no mercado financeiro
Sobre a pesquisa da Genial/Quaest que indicou queda na aprovação do mercado financeiro ao seu trabalho, caindo de 41% em dezembro para 10% em março, Haddad minimizou a relevância dos dados e questionou a metodologia do levantamento.
“Dizer que isso é uma pesquisa é dar um nome muito pomposo para algo que deve ter sido feito em 15 minutos ali, num bairro”, ironizou.
A pesquisa ouviu 106 fundos de investimento em São Paulo e no Rio de Janeiro entre os dias 12 e 17 de março, entrevistando gestores, economistas e analistas. O levantamento apontou que 88% dos entrevistados avaliam o governo Lula negativamente, enquanto apenas 4% possuem uma visão positiva.
Para Haddad, pesquisas com maior peso político deveriam ser conduzidas em ambientes como o Congresso Nacional, onde os parlamentares possuem mandato e representam diferentes segmentos da sociedade.
O ministro concluiu afirmando que desafios são normais na vida pública e reforçou a necessidade de fortalecer as instituições e promover consenso entre os Poderes para impulsionar a economia brasileira.